Felicidade é... uma professora muito maluquinha
“Vamos parar com essa felicidade aí!”. Essa exclamação, proferida por uma diretora que subitamente decide abrir a porta de uma sala e interromper a alegria desmedida das crianças, pode, à primeira vista, surpreender. Afinal, espera-se que, sobretudo na sala de aula de uma escola primária, a felicidade tenha algum lugar. Entretanto, todos sabemos que não é essa a realidade corriqueira de nossas escolas. Ali, exatamente ali onde a felicidade deveria reinar soberana, o que impera, silenciosamente, é, em geral, uma espécie de tristeza comedida que costumamos denominar disciplina.
Esse não é o único estranhamento que nos causa a leitura de Uma Professora Muito Maluquinha, de Ziraldo (Melhoramentos, 1995). Estamos, afinal, no universo dos estranhamentos, já há alguns anos instaurado pelo “menino maluquinho” criado pelo autor. E, nesse universo dos absurdos e nonsenses, uma escola e uma professora podem até se tornar sinônimos de felicidade.
Ela é maluquinha, porque ousa devolver à sala de aula e aos alunos o entusiasmo que deles é, comumente, roubado. E por isso ela é objeto de fantasia e de devaneio por parte dos alunos e, assim, é, por exelência, inimaginável, dada sua intangibilidade de objeto de desejo.
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